quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Inspirado no livro de Manoel de Barros "Matéria de Poesia" de 1970



Tudo aquilo que nos leva a coisa nenhuma
e que você não pode vender no mercado
como, por exemplo, o coração verde
dos pássaros,
serve para poesia


As coisas que os líquenes comem
- sapatos, adjetivos
têm muita importância para os pulmões
da poesia

Tudo aquilo que a nossa
civilização rejeita, pisa e mija em cima,
serve para poesia.


Manoel de Barros em Matéria de Poesia, 1970.